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gabriela mureb: rrrrrrrrrr


04 abr – 27 mai 2017
curadoria juliana gontijo

  • A Central Galeria tem o prazer de apresentar a primeira exposição da artista carioca Gabriela Mureb em São Paulo. Sob curadoria de Juliana Gontijo, a exposição intitulada “Rrrrrrrrrr” é composta por uma série de máquinas alteradas, motores, vídeos e desenhos que evocam experiências limítrofes do corpo – humano e maquínico – e da linguagem.

  • Leitmotiv para rrrrrrrrrr
    Juliana Gontijo

    Energia e momento são o que de fato regem a relação entre todas as coisas conhecidas. Há, por assim dizer, uma diferença quase nula entre seres animados e inanimados: tudo e todos, em algum ponto e em diferentes escalas, estão sujeitos a ciclos de organização, funcionamento, reação e ruína. As aspirações dos corpos, as transpirações das máquinas, os tremores maxilares, o balbucio ruidoso da matéria inerte se tratam, no final das contas, de diferentes modos de agenciamentos que conformam uma orquestra complexa, na qual soam acordes de potência, força e entropia.

    Gabriela Mureb, em rrrrrrrrrr, expõe uma série de motores, máquinas alteradas e vídeos que evocam experiências limítrofes do corpo – humano e maquínico – e da linguagem, ou do que é humanamente incompreensível ao ponto de insuportavelmente incômodo. rrrrrrrrrr é um título-onomatopeia que faz referência ao som gutural, dificilmente pronunciável, que anuncia um momento disfuncional da linguagem e da perda de sentido. O ruído se torna aqui o ponto de conexão entre regimes heterogêneos – metal, borracha, carne –, a partir do qual as máquinas ganham a improdutividade do funcionamento ilógico, a fala não se pronuncia, os movimentos corporais são involuntários e a produção de fluidos, automatizada.

    A montagem das obras no galpão semi-industrial da Central Galeria buscou seguir o ritmo da orquestração das coisas vivas e mortas em que a soma dos potenciais particulares cria uma espécie de estado geral – uma partitura de intensidades –: correias e motores à gasolina afrontam grandes planos em vídeo de balbucios corporais. A língua suga a correia, a graxa lubrifica aberturas guturais e reentrâncias gustativas. A máquina é uma potência que tensiona na delicadeza violenta do cálculo e do caos.

    Estes campos dissonantes, em mútua reverberação, causam um estranhamento familiar que deixa rastros de destruição e declínio, porém, ambiguamente, de reconstituição e reconhecimento no desconhecido. Desse confronto, portanto, emerge um ato de amparo, que transforma o sem-sentido em potência iniciática do não-dito, e o borrão em hieróglifos de uma ordem de cooperação ainda não conhecida.

vistas da exposição

 
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